segunda-feira, 24 de novembro de 2014

DESRESPEITO À MESTRA



Um tal de Ricardo Cunha Mattos Portella tem disponibilizado na Amazon Brasil e gringa umas traduções dele de estórias de Robert E. Howard e Leigh Brackett. A princípio achei curioso ver uma estória da mestra Brackett em português. Brackett não fazia uma mera cópia das aventuras espaciais de Edgar Rice Burroughs. Como tantos outros escritores pulp da primeira metade do século 20, ela foi influenciada por ele, mas encontrou caminho próprio, tornando-se referência para gente do quilate de Michael Moorcock. Então, mesmo com essa capa horrível, fui conferir essa versão em português de Queen of the martian catacombs. Li os primeiros parágrafos e meu sangue ferveu. Que porra essa! Confiram esses breves trechos: 1) "Por horas o animal cruzou o deserto marciano por seu cavaleiro sendo levado até o seu limite.(...)" [No original: For hours the hard-pressed beast had fled across the Martian desert with its dark rider. Now it was spent. (...)]; 2) "Ele deu alguns passos trôpegos e parou junto a uma duna de areia, ficando agachado na poeira." [No original: "It stumbled on a few more paces into the lee of a sandhill, and there it stopped, crouchdown in the dust."; 3) "Há distância havia quatro sombra negras (...)" [Há distância?]; Fora outros erros de revisão irritantes. O cara não sabe usar crase e por aí vai. Ou seja, fujam, meus amigos! Brackett não merecia isso. Mas ainda tenho esperança de vê-la bem editada por aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

AS PINCELADAS DIGITAIS DE RICHARD ANDERSON

O americano Richard Anderson é um ilustrador que trabalha há muitos anos na indústria do entretenimento, fazendo arte conceitual para games e filmes, e arte publicitária. Mas foram suas capas para livros de ficção-científica e fantasia que lhe deram notoriedade. Sua marca é um tipo de pintura digital impressionista, em que personagens em primeiro plano se integram ao cenário de maneira, ao mesmo tempo, sutil e marcante.

















domingo, 16 de novembro de 2014

PIRATARIA E TERROR



Que maravilhosa descoberta esse conto do carioca Rochett Tavares. Lançado individualmente como e-book, vemos aqui uma mistura de história de pirata com terror. Dois aspectos logo chamam a atenção: a elegância da prosa e o domínio dos termos náuticos. Assim é muito agradável embarcar nessa aventura, que se torna macabra aos poucos, no ritmo certo. A trama gira em torno da tripulação da nau Santa Magdalena, a serviço da coroa espanhola, entre os séculos 16 e 17. E da misteriosa carga que levam do Novo ao Velho Mundo. A influência mais evidente é a do mestre do macabro cósmico H.P. Lovecraft. A bela capa, do próprio autor, mostra bem o clima de tensão e desespero envolvendo esses homens. A única ressalva fica por conta da revisão vacilante, que deixou passar de errinhos de pontuação a pequenos problemas que comprometeram a compreensão da trama. Não tirou o brilho do texto, mas atrapalhou o prazer da leitura. Rochett Tavares é uma ótima surpresa nacional para aqueles que têm estômago forte.

Tenebrosos – A Mão do Destino, de Rochett Tavares, 31 págs., EX! Editora


AVALIAÇÃO: BOM   

sábado, 8 de novembro de 2014

SINOPSE DE "RAÇAS", MEU CONTO NA ANTOLOGIA "ESTRANHA BAHIA"




Num futuro próximo, naves alienígenas chegam a vários cantos da Terra. Pessoas ficam chocadas, entram em pânico. Um caos diferente domina o mundo. Quem ou o que são os alienígenas? Quais os seus propósitos? Para diminuir a desconfiança, líderes aliens entram em contato com líderes do planeta. A mensagem é uma só: eles vieram em paz, são refugiados de uma guerra civil, não pretendem ficar muito tempo conosco, estão de passagem, à procura de descanso. Ao correr dos dias, das semanas, dos meses, dá-se a impressão de que falam a verdade. Para se reabastecerem, trocam tecnologia deles por recursos naturais nossos, em negociações com diversos países, inclusive o Brasil. Em pouco tempo, o conhecimento alien compartilhado muda a economia mundial. A humanidade dá um salto tecnológico. Mas nem tudo são flores. Incidentes de tensão e violência entre humanos e aliens se tornam constantes. Surge um novo preconceito: contra os aliens. O Conselho de Segurança da ONU cria então a Agência de Investigação Especial (Special Investigation Agency - S.I.A.) com pessoal treinado para auxiliar forças policiais em todo o mundo na investigação de crimes relacionados aos aliens. Quinze anos depois, eles continuam vivendo abertamente entre nós. Essa convivência gera parcerias de todo tipo, com aliens participando ativamente de nossa sociedade. Mas também gera muito debate sobre os riscos da presença deles na Terra. Meu conto RAÇAS começa quando, em Salvador, um investigador de polícia negro e veterano, já cansado da profissão, fica sabendo do assassinato de uma prostituta alien, uma amiga. Apesar de revoltado com o crime, ele quer distância do caso, por saber que ela andava com gente barra pesada, com ligações influentes. Além do mais, por envolver um alien, a investigação logo passa para as mãos da Polícia Federal, sob supervisão da S.I.A. Semanas depois, um executivo humano é assassinado num hotel de luxo. Nosso protagonista é designado para investigar a morte. As circunstâncias são idênticas ao caso da prostituta alien. O detetive Ulisses Vicente acaba em meio a uma trama violenta, cheia de surpresas, envolvendo o submundo e a elite tanto da raça humana como da raça alien.

Para saber mais sobre a antologia Estranha Bahia, clique na imagem.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

1º CONCURSO LITERÁRIO DO SERVIDOR DA BAHIA

No dia 03/11, no Teatro Castro Alves, em Salvador, participei do lançamento da antologia de poesias e contos do 1º Concurso Literário do Servidor do Estado da Bahia. Meu conto "Paisagem manchada de sol e chuva" foi um dos 40 finalistas que fizeram parte da obra, entre 686 inscritos. Também houve premiação em dinheiro para os três primeiros colocados e prêmio do júri popular para cada categoria, totalizando oito vencedores. Não fui um dos contemplados, mas fiquei muito feliz de ter participado deste livro e desta festa.

Autor feliz com a edição bem cuidada

Brother Renato, eu, Mama Angélica e Papa Manoel

Eu e meu amor























OS HERÓIS QUE AMAMOS NÃO DEVEM NOS ESCRAVIZAR

Inácio Araujo sabe muito de cinema, mas de HQ mostra que conhece pouco. O texto meio rabugento dele, em parte, está corretíssimo, ao mostrar a vulgarização de personagens como Homem-Aranha, que começou muito bem na telona e hoje é estragado com a bênção do detentor de seus direitos, o produtor Avi Arad. Mas o crítico erra ao colocar todos os filmes de super-heróis recentes num mesmo saco. Os filmes de super-heróis dominam as salas de cinema e ele vê nisso um nivelamento por baixo. Eu não concordo. Devemos julgar esses filmes pelo o que são. Entretenimento de grande orçamento. São filmes para fazer dinheiro. E também para satisfazer, com suas concessões, é claro, as expectativas de fãs de quadrinhos de todas as idades; até os mais velhos e chatos ficam felizes que nem crianças. Esses filmes são um sonho nerd virando realidade. A parte inteligente da indústria entendeu que eles só conseguirão fazer os melhores filmes, ou seja, os produtos com maior poder de repercussão e de lucro, se contarem boas estórias. E para isso, eles precisam que as pessoas à frente dessas produções sejam ótimos roteiristas, ótimos diretores e também grandes fãs de quadrinhos. Foi assim com Joss Whedon (o nome por trás dos Vingadores) e James Gunn (o nome por trás de Guardiões da Galáxia). Quando você quer algo bem feito, contrate um especialista. É evidente que não devemos levar os super-heróis tão a sério. Eles são divertidos. Levam até a gente a pensar em certos assuntos mais cabeludos. Mas os filmes da Disney/Marvel e Warner/DC não devem ser a coisa mais importante para ninguém. Há tantos outros filmes do passado e atuais para apreciar. Vamos curtir nossos heróis, mas não sejamos bitolados. (Para ler o texto de Inácio Araújo clique na imagem)



UM PAÍS SE FAZ COM BIBLIOTECAS TAMBÉM

Sou fã de biblioteca pública. Elas devem servir não apenas para empréstimo de conteúdo, mas também como local de convívio cultural. Em relação aos acervos, percebo que muita coisa nova, lançamentos, chega às bibliotecas por meio de doações espontâneas de usuários. Seria ótimo se as autoridades responsáveis comprassem sistematicamente obras de editoras como Draco, Saída de Emergência, Aleph, Leya e outras menores que investem em terror, ficção-científica e fantasia, inclusive de autores nacionais. Isso tornaria o espaço mais convidativo, principalmente, para os leitores mais jovens. Quebraria o preconceito de que biblioteca só tem clássicos, só tem "coisa velha". Em seguida, entraria o papel do bibliotecário, mostrando que além dos lançamentos bacanas tem uns caras do passado que ainda mandam muito bem, que aliás foram inspiração para os autores atuais. (Para saber mais, clique na imagem)