Na imaginação do escritor Roberto de Sousa Causo, resultaria em um "Vietnã brasileiro".
Décadas depois de deflagrado o conflito, duas forças se opõem: de um lado, Inglaterra, França e Holanda, diretamente atingidos em seus interesses, apoiados pelos EUA; de outro, Brasil, Argentina e outros países sul-americanos, formando uma coalizão de resistência.
A guerra acabou se tornando um motivo para os países europeus e os EUA avançarem e se apossarem de parte de nossa Amazônia.
O narrador, um sargento do exército brasileiro, nos anos 1990, relata o cotidiano de seu pelotão pela selva, em luta contra a guerrilha patrocinada pelos países ricos.
Roberto de Sousa Causo |
O conhecimento do autor da vida de caserna (ele serviu o Exército na juventude) dá uma maior verossimilhança ao personagem.
Já a parte problemática da narrativa fica por conta do coloquialismo utilizado. Muitas vezes, não facilita a leitura, com uma linguagem muito próxima da fala oral. Compromete a fluidez da leitura, o estranhamento se torna constante. E o contexto mais geral desse Brasil alternativo não é muito explorado. O foco fica mesmo ali na selva. Referências externas são apenas rapidamente mencionadas.
Mas a força do protagonista como narrador faz com que a gente se envolva com a trama. Até o clímax cheio de ação.
A edição da Draco está caprichada. A capa é uma das mais bonitas lançadas pela editora. O texto está muito bem cuidado, descontando-se os "erros" de português propositais do autor. Além de um glossário com termos militares. A nota e o posfácio fazem parte de outro atrativo da narrativa. Não vou estragar a surpresa. Apenas digo que tem a ver com um jogo metalinguístico interessante. Deu mais relevância ao livro como ficção-científica e como instrumento de reflexão.
Selva Brasil, de Roberto de Sousa Causo, editora Draco
AVALIAÇÃO: BOM
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