E se Hitler tivesse vencido a Guerra? O romance Fatherland, do escritor e jornalista britânico Robert Harris, foi publicado no Brasil pela Record com o título de Pátria Amada. O livro tenta responder a essa pergunta tantas vezes formulada ao longo da História.
A trama se passa em 1964. Estamos a uma semana das comemorações dos 75 anos do aniversário de Hitler. Os domínios do Terceiro Reich se estendem por quase toda a velha Europa. O Dia D nunca aconteceu, pois os nazistas souberam da existência da máquina Enigma, que decodificava as mensagens secretas dos alemães. Além disso, a Grã-Bretanha sofreu um eficiente cerco de submarinos alemães, deixando-a sem recursos e acessos. Os Britânicos se renderam em 1944. Churchil foi para o exílio no Canadá. Membros da família real, simpatizantes do nazismo, subiram ao trono. Os americanos voltaram para seu país com o rabo entre as pernas. Em 1946, os alemães fabricaram sua bomba atômica. A União Soviética, ainda governada por Stalin, continua a resistir os alemães ao Leste. Além do aniversário do Führer, as comemorações são importantes porque, depois de 20 anos, o governo americano voltará a manter relações com a Alemanha. O Presidente Joseph Kennedy, pai de JFK e conhecido anti-semita, vai ao encontro de Hitler para assinar um acordo de paz. O acordo é fundamental para que os alemães consigam apoio para derrotar de vez os soviéticos.
Dias antes do encontro entre os presidentes, o corpo de um homem é encontrado em um lago. O oficial da SS, a polícia secreta, Xavier March é designado para investigar o ocorrido. Logo ele vai descobrir que o morto era um ex-alto oficial, amigo pessoal de Hitler, mas que tinha caído em desgraça por corrupção. Tudo se complica quando uma jornalista americana, Charlotte Maguire, que está em Berlim para cobrir a assinatura do acordo, envolve-se nas investigações de March. A vida de ambos passa a correr perigo quando descobrem que um segredo de guerra pode comprometer o acordo de paz. Hitler, através da sinistra Gestapo, fará de tudo para que nada atrapalhe seus planos.

Acima de tudo, o romance é uma bem sucedida trama de suspense. Como os melhores autores do gênero, Harris coloca personagens muito bem desenvolvidos em meio a uma trama intrincada. Seu protagonista, Xavier March, é um daqueles homens da lei atormentados, questionando seus atos a todo momento, e, por isso, não muito bem visto pelos seus pares. Ele é um homem que não concorda com as ideias do Fürher, mas sabe que não é um inocente.
Harris é um autor mainstream de thrillers. Mas aqui ele criou um dos melhores romances de um dos mais populares subgênros da ficção-científica: a história alternativa.
Em 1994, a HBO produziu uma adaptação. No Brasil, chamou-se A Nação do Medo. É um telefilme fraco. Foi dirigido com mão pesada, o roteiro simplifica demais as nuances do livro, e as atuações são preguiçosas, inclusive a de Rutger Haeur, como March. Miranda Richardson, no papel da jornalista, é o melhor do filme. A abertura em forma de documentário, com imagens reais, mostrando os desdobramentos da Guerra ganha pelo nazismo, causa impacto.
Pátria Amada, de Robert Harris, 352 págs., Record. AVALIAÇÃO: MUITO BOM
A Nação do Medo, de Christopher Menaul, 106 min., HBO Pictures.AVALIAÇÃO: REGULAR
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