domingo, 12 de outubro de 2014

REVOLUÇÃO DE UM GÊNIO SOLITÁRIO



Até o século 18, navegar em mar aberto era uma atividade quase suicida. Assim que os navios se afastavam completamente da terra, seguir adiante até o destino e voltar dependiam de técnicas falhas de localização e muita sorte. Era comum tripulações, por mais experientes que fossem, perderem-se em alto mar, morrendo de doenças ou por naufrágio ao colidirem em rochas. As viagens levavam mais tempo do que as provisões permitiam. E isso porque, basicamente, não era possível saber com melhor exatidão a hora do porto de saída. A diferença desta com a hora a bordo, ajustada diariamente ao meio-dia local com o zênite do sol, dava o valor da localização geográfica do navio em graus. O erro de cálculo levava o navio tantos graus para longe do destino, prolongando a viagem. Portanto, o problema era como definir satisfatoriamente a longitude no mar. Definir a latitude não tinha maiores dificuldades. A referência era a observação dos corpos celestes na linha do Equador, que corta o planeta ao meio, perpendicular ao eixo de rotação da Terra. A latitude sempre teve uma justificativa concreta para existir. Já a longitude não possui a mesma referência “natural”, ficando puramente à mercê de convenções. Descobrir uma maneira confiável de calcular a longitude se tornou uma obsessão naquela época. O livro de Dava Sobel conta a história dessa corrida científica, econômica e política. E como um modesto relojoeiro inglês conseguiu resolver a questão. Com a ajuda de poucos aliados, ele criou um mecanismo genial, um cronômetro, superando concorrentes famosos e a vaidade e o preconceito das autoridades científicas. É uma leitura acessível para qualquer um interessado em ciência ou curiosos em geral.

Longitude, de Dava Sobel, 160 págs., Cia das Letras.

AVALIAÇÃO: MUITO BOM

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