Kingsman
– Serviço Secreto é indecentemente divertido. Ele tem tudo o que você poderia
esperar de um novo filme de James Bond.
Enquanto
o Bond oficial não consegue sair da fossa, os espiões protagonistas de Kingsman
parecem parentes dos antigos 007, principalmente, de Roger Moore. Colin Firth
parece um filho de Moore, e o novato Taron Egerton, o neto. Eles têm classe,
charme, humor e múltiplas habilidades para matar.
E
ainda há outros elementos que fazem a farra dos carentes fãs de Bond: o vilão
megalomaníaco, seu braço direito com uma característica exótica e mortal (aqui
é uma mulher com próteses de lâminas no lugar das pernas), os gadgets, o
exagero e a leveza. Mas uma leveza que, na hora da ação, é interrompida por uma
violência acima da média.
Em uma sequência em particular, numa
igreja, a violência tornou-se absurdamente gráfica. Aliás muito bem
coreografada, com o uso bastante realista
dos efeitos especiais. É um triunfo técnico, mas deixou a impressão de que o
diretor Matthew Vaughn é um menino meio perturbado que teve total liberdade
para se divertir com brincadeiras bem pesadas.
Vaughn
é um diretor muito talentoso, suas obras mais conhecidas são Kick Ass e X-Men:
Primeira Classe. Prefiro quando ele não investe tanto na violência física, e
sim na construção de personagens e em motivações mais complexas, como ele fez
no filme dos mutantes. E também em sua estreia na direção, o ótimo Layer Cake,
o meu preferido.
O roteiro de Kingsman tem soluções
interessantes, mas os defeitos incomodam. O maior deles é insistir no machismo
dos antigos filmes de Bond. Existem personagens femininas duronas, mas elas não
são poderosas, como se quase não pudessem decidir sobre seus próprios destinos.
Elas agem sempre em função dos homens, sejam aliados ou inimigos. E o curioso é
que um dos roteiristas é uma mulher.
Se
numa continuação seus realizadores deixarem o machismo e a violência exagerada
de lado, e manterem todo o resto, será melhor a franquia 007 ficar preocupada.
Kingsman – Serviço Secreto (2014), de Matthew
Vaughn, 129 min., Marv Films/Cloudy Productions
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