VIDAS
AO VENTO é mais uma belíssima animação do mestre Hayao Miyazaki. Mas
provavelmente ela não tem o mesmo apelo para as crianças dos seus filme
anteriores. A beleza visual está presente tanto nos acontecimentos mais simples
quanto nos momentos em que a imaginação corre solta. Mesmo assim, o filme é um
drama histórico que procura retratar um período decisivo para a modernidade do
Japão. Esta é a obra mais realista de Miyazaki. Acompanhamos os esforços de
engenheiros aeronáuticos e de suas equipes em produzir aviões japoneses que
pudessem voar na década de 1930. Aviões de combate, que seriam usados na 2ª
Guerra Mundial. A animação gerou controvérsia no Japão entre nacionalistas e liberais. Miyazaki foi acusado pela Esquerda de
romantizar essa corrida aeronáutica. Apesar das brutalidades
que indiretamente são mostradas no filme, em particular, a beligerância da
forças armadas japonesas (alvo de crítica da Direita) e a ascensão do nazismo. A
animação pode realmente mostrar uma visão política conservadora ao insistir no
discurso de que os engenheiros queriam apenas criar belos aviões, colocando o
uso de suas criações em segundo plano. Mas, por outro lado, também mostra como,
no final, essa beleza acabou corrompida pela guerra ao ponto de tirar-lhe o
sentido. O final da animação é bastante melancólico, mas deixa uma ponta de
esperança, um convite à vida.
Vidas ao Vento (2013), de Hayao Miyazaki, 126 min.,
Studio Ghibli.
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