Você também pode lê-lo no Twitter
Não sei como vim
parar nesse deserto. Efeitos colaterais da Máquina.
Não havia como
programá-la para simplesmente colocar meu pai e eu, cara a cara, numa praia
paradisíaca?
O Homem da
Máquina me alertou: "Não será fácil".
Sinto uma sede
terrível. O sol é inclemente. Não há nada ao meu redor, apenas areia.
Não sei se
continuo a caminhar, seguindo com meus passos cada vez mais débeis. Ou se me
rendo em definitivo ao cansaço febril.
Será esse o fim
da minha jornada? Não vou poder xingar meu pai, dar-lhe um soco, beijá-lo?
Meu corpo não
aguenta mais. Vou ao chão.
Mesmo com os
sentidos confusos, sinto algo entre meus dedos. Ao abrir a mão, a areia se
esvai, revelando uma chave antiga, enferrujada.
O trecho de
areia sob mim começa a tremer. Consigo forças para me afastar, me jogar para o
lado.
Uma pequena duna
emerge. Na verdade, é um velho baú.
Me arrasto até
ele. Levanto o corpo com dificuldade. Afasto com o braço vacilante a areia
acumulada sobre sua tampa.
Coloco a chave
na tranca e o abro.
O baú está cheio
de água. E boiando, há uma garrafa de vidro fechada, com um rolo de papel
dentro.
Bebo a água
sofregamente. Ela é tão cristalina, tão fresca.
Depois de
saciado, presto atenção na garrafa de vidro. A curiosidade me faz abri-la.
O rolo de papel é
um antigo mapa. Mares, montanhas, florestas.
Ao final de uma
linha pontilhada, uma inscrição indica: SEU PAI ESTÁ AQUI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário