terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

PARA LER OUVINDO IN RAINBOWS PARTE 2

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Não sei como vim parar nesse deserto. Efeitos colaterais da Máquina.

Não havia como programá-la para simplesmente colocar meu pai e eu, cara a cara, numa praia paradisíaca?

O Homem da Máquina me alertou: "Não será fácil".

Sinto uma sede terrível. O sol é inclemente. Não há nada ao meu redor, apenas areia.

Não sei se continuo a caminhar, seguindo com meus passos cada vez mais débeis. Ou se me rendo em definitivo ao cansaço febril.

Será esse o fim da minha jornada? Não vou poder xingar meu pai, dar-lhe um soco, beijá-lo?

Meu corpo não aguenta mais. Vou ao chão.

Mesmo com os sentidos confusos, sinto algo entre meus dedos. Ao abrir a mão, a areia se esvai, revelando uma chave antiga, enferrujada.

O trecho de areia sob mim começa a tremer. Consigo forças para me afastar, me jogar para o lado.

Uma pequena duna emerge. Na verdade, é um velho baú.

Me arrasto até ele. Levanto o corpo com dificuldade. Afasto com o braço vacilante a areia acumulada sobre sua tampa.

Coloco a chave na tranca e o abro.

O baú está cheio de água. E boiando, há uma garrafa de vidro fechada, com um rolo de papel dentro.

Bebo a água sofregamente. Ela é tão cristalina, tão fresca.

Depois de saciado, presto atenção na garrafa de vidro. A curiosidade me faz abri-la.

O rolo de papel é um antigo mapa. Mares, montanhas, florestas.


Ao final de uma linha pontilhada, uma inscrição indica: SEU PAI ESTÁ AQUI.

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