quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PARA LER OUVINDO IN RAINBOWS PARTE 4

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Uma noite, alguém bateu na porta de nossa casa. Minha mãe foi atendê-la e deu um grito.

Fui correndo socorrê-la, e vi o mesmo que ela: um fantasma. Meu pai estava de volta.

Ele não queria ser o homem da casa novamente. Queria dar explicações, me reconquistar, ser o pai que fora ou melhor.

Porém suas palavras não me seduziam mais. Eu não era mais uma criança.

Ele retornou outras vezes. Me recusava a vê-lo.

Até o dia em que escrevi uma carta para minha mãe, revelando os motivos da minha partida (não todos).

Fui embora de casa. Não sem antes beijá-la na testa, enquanto dormia.

Peguei a estrada, sem rumo definido.

Eu sempre falava com minha mãe. Ela me contava como andava sua vida e eu contava da minha. Eu não revelava tudo, não queria magoá-la.

Toda vez ela me pedia para voltar para casa. Eu não fazia promessas que não podia cumprir.

Às vezes, ela falava sobre meu pai, de como ele estava sempre preocupado comigo.

Eu não queria saber. Falava para ela mudar de assunto, me irritava com ela. Depois pedia desculpas.

De uma maneira ou de outra, nunca fiquei sem ter notícias do meu pai. Mas fiquei sem vê-lo por anos.

O Homem da Máquina recomendou que eu não lutasse contra os caprichos da jornada.


Falar é fácil.

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