Uma noite,
alguém bateu na porta de nossa casa. Minha mãe foi atendê-la e deu um grito.
Fui correndo
socorrê-la, e vi o mesmo que ela: um fantasma. Meu pai estava de volta.
Ele não queria
ser o homem da casa novamente. Queria dar explicações, me reconquistar, ser o
pai que fora ou melhor.
Porém suas
palavras não me seduziam mais. Eu não era mais uma criança.
Ele retornou
outras vezes. Me recusava a vê-lo.
Até o dia em que
escrevi uma carta para minha mãe, revelando os motivos da minha partida (não
todos).
Fui embora de
casa. Não sem antes beijá-la na testa, enquanto dormia.
Peguei a estrada,
sem rumo definido.
Eu sempre falava
com minha mãe. Ela me contava como andava sua vida e eu contava da minha. Eu
não revelava tudo, não queria magoá-la.
Toda vez ela me
pedia para voltar para casa. Eu não fazia promessas que não podia cumprir.
Às vezes, ela
falava sobre meu pai, de como ele estava sempre preocupado comigo.
Eu não queria
saber. Falava para ela mudar de assunto, me irritava com ela. Depois pedia
desculpas.
De uma maneira
ou de outra, nunca fiquei sem ter notícias do meu pai. Mas fiquei sem vê-lo por
anos.
O Homem da
Máquina recomendou que eu não lutasse contra os caprichos da jornada.
Falar é fácil.
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